Sob o lema “A Resposta Somos Todos Nós”, noite histórica em São Paulo chama atenção para justiça ambiental e a luta dos povos indígenas
Por: Caio Ramos – 14 de novembro de 2025
Em uma noite histórica e com um chamado geral para olhar para a situação global, o evento “A Resposta Somos Nós” reuniu Cavalera Conspiracy e Massive Attack nesta quinta-feira, dia 13, no Espaço Unimed, em São Paulo.
O show foi realizado para apoiar a luta pela justiça climática e pelo reconhecimento do direito à terra e a uma vida digna dos povos indígenas da região amazônica. Nesse contexto, a data do show não foi escolhida por acaso e se deu enquanto líderes de todo o mundo debatem questões climáticas na COP 30, em Belém-PA.
Assim, não se tratava de um “festival de trash metal” e tampouco de trip hop. Misturaram-se públicos, sem grandes ocorrências ou brigas. E uma minoria esperava para ver ambos os shows – caso deste repórter.
Cavalera Conspiracy
O Sepultura, (especialmente nos anos 90, mas não só naquela época) tinha forte ligação com a questão indígena brasileira. E as músicas do setlist eram as que tinham as letras mais próximas à temática da luta dos oprimidos e à resistência contra o sistema.
Entre as composições apresentadas, o público conferiu, por exemplo, “Refuse/Resist”, “Slave New World”, “Nomad” – grande ponto alto do show -, “We Who Are Not As Others”, “Biotech is Godzilla”, “Propaganda” e “Itsari” (um dos outros grandes momentos do show!).
A banda ainda tocou “Manifest”, “Territory” e “Roots Bloody Roots”, esta última incluída em cima da hora e já estourando o horário, criando um clima perfeito para o próximo ato da noite.
Grito dos Povos Originários
Após o Cavalera Conspiracy, foi a vez de lideranças da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira). Seus representantes clamaram por justiça ambiental e pela demarcação de terras para os povos indígenas.
“Se a Amazônia cair, o mundo cai!”, essa foi a mensagem central dos represetantes dos povos originários deixada para o público na noite.
Massive Attack
Os shows do Massive Attack na América Latina têm se destacado pelo ativismo, e não foi diferente em São Paulo. Os vídeos expostos no telão buscavam despertar reflexões sobre a tirania neocolonial exercida pelas elites dos países ricos contra o mundo.
Um dos destaques foi o uso de tecnologia de reconhecimento facial em tempo real em pessoas do público. Os rostos capturados pela câmera apareciam no telão com caracteres incompressíveis, uma vez que a intenção da banda não era expor dados pessoais, mas chamar a atenção para que isso já está acontecendo.
Extremamente competente, a banda tocou por duas horas as músicas que a fizeram se tornar a grande referência no trip hop mundial, em quase quarenta anos de carreira. Além disso, o show contou com participações especiais, como o cantor e compositor jamaicano Horace Andy, que participou de todos os álbuns da banda. Ele se uniu ao Massive Attack em “Girl I Love You“, do álbum Heligoland (2010), e a música “Angel“, do LP Mezzanine, de 1994.
O ponto alto da noite, no entanto, ainda estava por vir. A escocesa Elizabeth Fraser, voz do grupo Cocteau Twins, empolgou o público com sua voz etérea, cantando em “Black Milk“, “Group Four“, “Song to the Siren” e no grande sucesso do Massive Attack, “Teardrop”, que fechou a noite.
Uma noite para entrar para a história da música e do ativismo.
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