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Saúde auditiva em foco: zumbido e hipersensibilidades auditivas

Ilustração

Zumbido, aversão a sons específicos e sensibilidade ao volume prejudicam a qualidade de vida de quem convive com esses sintomas

Por: Marcela Riccomi Nunes – 12 de novembro de 2025

Novembro Laranja marca a campanha nacional de conscientização sobre zumbido e hipersensibilidades auditivas. As ocorrências são mais comuns do que se imagina e causam bastante desconforto. Mas, existe tratamento e prevenção! Por isso, a Morcegão FM apresenta, em seus canais oficiais, o Fono Rock: pílulas com dicas de prevenção e informações sobre reabilitação auditiva. Os informativos contam com a Fonoaudióloga Andrea Soares, que é especialista em Audiologia, Avaliação e Tratamento de Zumbido.   

Quando se fala em saúde auditiva, as pessoas rapidamente imaginam temas relacionados à perda da audição. Porém, o assunto vai muito além e engloba questões que são pouco comentadas pela população, embora sejam comuns. É o caso do zumbido e das hipersensibilidades auditivas.

O zumbido é a percepção de um som sem que exista uma fonte sonora externa produzindo esse som. A hipersensibilidade é uma sensibilidade a sons produzidos por fontes sonoras reais e os tipos mais comuns são a hiperacusia e a misofonia, por exemplo. 

Pesquisas científicas mostram que essas três condições são distintas, mas podem estar relacionadas entre si. Elas podem estar ligadas com outras condições, como alterações hormonais, Transtorno do Espectro Autista, transtornos de ansiedade ou humor, dentre outros. Por isso, é importante se consultar com especialistas que avaliarão cada caso. 

Zumbido, misofonia e hiperacusia

Zumbido – Quem nunca ficou com zumbido no ouvido depois de um show ou após o uso prolongado de fones de ouvido com volume elevado? O zumbido não é uma doença específica, mas, sim, um sintoma. Isso significa que ele pode ter uma ou diversas causas, assim como acontece com a febre, por exemplo. 

Também chamado de tinnitus, o zumbido é a percepção crônica ou temporária de um som que não é produzido por fontes sonoras externas. Ou seja, é um som que não existe.

Os relatos são de sons que lembram apito, chiado, panela de pressão, cachoeira, grilo, cigarra, abelha etc. Fica mais perceptível em momentos silenciosos, o que pode provocar ou agravar casos como os de insônia. Pode aparecer em qualquer idade, inclusive em crianças e jovens, apesar de ser mais frequente em idosos. 

Um estudo publicado na revista científica Jama Neurology estima que o zumbido afeta cerca de 740 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que o sintoma afeta cerca de 28 milhões de brasileiros

Misofonia – É uma doença que causa aversão a sons específicos e repetitivos que provocam respostas fisiológicas e emocionais desproporcionais de irritação intensa e raiva exagerada. A repulsa incontrolável pode até resultar em comportamentos de fuga ou agressão verbal e física. Isso afeta muito o convívio social, além de provocar bastante sofrimento.

É grande a lista de estímulos que são gatilhos para a aversão. Os mais comuns são: sons de mastigação, tic-tac do relógio, goteiras, assovio, respiração ofegante ou mascar chiclete. Mas, podem ser também sons de talheres batendo no prato, digitação, ruído de colchão, , latidos, miados, dentre outros.

A sua prevalência ainda não é totalmente conhecida, mas estima-se que possa chegar a 20% da população. Algumas pesquisas sugerem que entre 5% e 20% das pessoas relatam sintomas clinicamente significativos com uma grande variabilidade de sintomas leves, moderados e graves

Um estudo publicado na British Journal of Psychology, indicou que a misofonia pode ser apenas um dos sintomas de um transtorno mais amplo e complexo. A pesquisa sugere que estão envolvidos também três mecanismos de rigidez psicológica. Um deles é a ruminação, que é ciclo vicioso de se concentrar repetidamente em pensamentos ou sentimentos negativos. O segundo é a inflexibilidade cognitiva, que é a dificuldade em alternar a atenção e desviá-la do som aversivo. Por fim, a inflexibilidade afetiva, que é a dificuldade em adaptar respostas emocionais e comportamentais adequadas.

Hiperacusia – é a sensibilidade aumentada a sons comuns do ambiente diário: conversas, músicas, carros na rua, trovões e quaisquer outros sons cotidianos. Essa hipersensibilidade provoca desconforto, medo, irritação e até mesmo dor. Isso porque a pessoa percebe o som como se ele estivesse extremamente intenso, mesmo quando estão em níveis de volumes considerados normais. 

Geralmente, pessoas com hiperacusia buscam alívio com o uso de fones de ouvido com cancelamento de ruído, abafadores ou tampões auriculares. No entanto, o uso frequente desses recursos não é indicado, isso porque pode aumentar a sensibilidade. Esses usos são sempre indicados para locais com níveis de ruídos acima dos permitidos. Pessoas neurodivergentes podem usar os recursos em algumas ocasiões que exigem mais concentração ou em locais com muitos estímulos para evitar crises.

Um estudo publicado na revista científica Frontiers in Neurology mostrou maior prevalência de hiperacusia em mulheres. Nos ambientes ocupacionais, maiores jornadas de trabalho, de tempo de exposição a ruídos e de alta intensidade sonora, aumentam a prevalência de hiperacusia e zumbido. 

Diversos estudos sugerem que a hiperacusia pode estar associada a outras condições, como transtornos de ansiedade, Transtorno de Estresse Pós-traumático e Transtornos do Espectro Autista. Além disso, é provável que pessoas com esse quadro apresentem mais sintomas depressivos do que a população em geral.

O que fazer?

A regra de ouro da saúde é: faça check-ups recorrentes e procure um médico sempre que perceber sinais ou sintomas que causam desconforto. O mesmo vale para sensações diferentes das habituais. 

No caso do zumbido e das hipersensibilidades auditivas, a ajuda profissional é multidisciplinar. Médicos, fonoaudiólogos, psicólogos ou terapeutas ocupacionais avaliarão o melhor tratamento para cada caso. 

Quer se aprofundar nesse tema e descobrir mais informações sobre esse assunto? Fique ligado nas pílulas do Fono Rock, da programação da Morcegão FM, com a Fonoaudióloga Andrea Soares!

E quando escutar a programação da Morcegão FM com fones de ouvido, lembre-se: muito cuidado com o nível de volume.

Sobre Marcela Riccomi Nunes

Bióloga e Professora. Doutora em Psicobiologia, Mestra em Saúde Pública, Especialista em Psicopedagogia, Bacharela em Ciências Biológicas e Licenciada em Biologia. Trabalha com Ciência, Educação e Divulgação Científica. É muito fã de rock, fotografia, futebol e memes. Atua como colaboradora do portal Plantão Rock, da Morcegão FM, para divulgar Ciência por meio da Música.

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